// Crônica publicada no jornal Folha de Tiête, interior de São Paulo em algum dia de 2008. Charge NYT, crédito Daniel Stolle.
Meus amigos, meus conhecidos. Neste último ano o mundo tem
passado por transformações incríveis e inimagináveis no que diz respeito ao
comportamento e o que os efeitos da economia globalizada pode gerar para um
país ou uma cidade, como Dubai ou Tietê.
Justamente neste último ano tomei a decisão de mudar para o Qatar no mundo árabe com minha família e criar um mercado novo para o segmento que atuo. Imaginem a responsabilidade e meu aprendizado desde então.
Neste período o dólar despencou e as bolsas ídem, provocando um reequilíbrio na máquina financeira mundial jamais visto. Dubai anda em queda livre com mega construções paralisadas e houve uma fuga de capitais, que eram especulativos, que é um transtorno para quem por lá ficou.
Por outro lado o Brasil com um sistema bancário bem preparado e calejado por uma economia que já passou por tantas turbulências no passado, esteve bem posicionado e suportando bem as nuances de mercado que tem deixado a economia de países dominantes como EUA e Europa em estado de pânico.
Por que vocês acreditam que os países emergentes são a bola da vez no mercado de investimentos? Por que os americanos tem sua supremacia ameaçada e correm o risco de perder para a China como número 1 da economia?
A origem da questão é anterior. Nossa sociedade moderna fundamentada pelo capitalismo, bandeira americana após a Segunda Guerra Mundial, foi baseado no consumismo como valor “mor” para a eterna busca da felicidade através do material e do possuir.
A sociedade americana se baseou tanto nesta direção que até os sentimentos e emoções viraram pacotes de audiência da mídia, como a recente história do drama vivido pela atriz Farah Fawcet que documentou seus últimos três anos de vida em vídeos que agora são divulgados na tentativa de mitificar a mulher que não conseguiu libertar-se de seus próprios personagens.
Michael Jackson também entra neste rol de prisioneiros da própria irrealidade que tornou sua vida com o dilema do ser celebridade versus ser humano.
Trazendo isto para Tietê, explico que a Dubai dentro de nós consiste na ilusão que criamos em ter e buscar uma felicidade que nunca a alcançaremos. Vemos isto em pessoas do bairro Povo Feliz que buscam comprar uma motocicleta nova e um aparelho de som potente, assim como vemos em pessoas que conseguiram comprar bens e mais bens para garantir seu futuro e esqueceram de viver seu presente.
Esse último grupo são ainda mais infelizes pois chegaram à uma vida de estabilidade financeira e perceberam que sua avareza de nada valeu. Na verdade normalmente sentem inveja de sua empregada doméstica que é mais realizada que eles.
A felicidade não é um bem que podemos comprar, é um estado de espírito que é consequência de nossa atitude do presente. Nosso bem estar é a certeza de uma vida real baseada em relacionamentos e sentimentos verdadeiros enraizados pelo AMOR.
Aconselho para estarmos atentos para as mudanças do mundo moderno e para não tornarmos prisioneiros de nossas próprias máscaras que temos que usar como imposição de um inimigo oculto que chamam de sociedade.
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