quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A pobreza não existe por que as coisas são escassas

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// Crônica publicada no jornal Folha de Tiête, interior de São Paulo em algum dia de 2008. Charge NYT - crédito Marion Fayolle


“Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho. Eles passarão. Eu passarinho!”.

Há tempos estava querendo escrever sobre este assunto e fazer uma correlação entre o curto e profundo “Poeminha do Contra” de Mário Quintana acima citado, com a compilação de um texto indiano transcrito abaixo que nos toca em uma das feridas da sociedade: A avareza e o acúmulo de riquezas. 

 
“A pobreza não existe porque as coisas são escassas, mas porque as pessoas estão armazenando, porque as pessoas são gananciosas. Se vivermos no agora, haverá o suficiente; a terra tem o suficiente para nos dar, mas planejamos para adiante, armazenamos, e então surge o problema.

Pense nos pássaros armazenando... Então alguns pássaros ficarão ricos e outros pobres. Mas eles não armazenam, então não há pobreza. Você já viu um pássaro pobre? Na verdade nem mesmo são vistos pássaros gordos, fracos ou magros. Todas as gaivotas são praticamente iguais; não se pode reconhecer qual é qual. Por quê? Elas desfrutam e não armazenam.

Viva no momento, viva no presente, viva amorosamente, viva em amizade e harmonia, cuide... E então o mundo será totalmente diferente. O indivíduo precisa mudar, pois o mundo nada mais é do que um fenômeno projetado da alma individual.” 
Trazemos este conceito para nossa sociedade, como a avareza presente no nosso dia-a-dia. 

Os avarentos ficam constipados, travados, pois nem mesmo podem jogar fora os detritos do corpo. Possui intestino preso, energia retida; seguram até mesmo sua própria existência e o medo de perder os tornam pessoas enclausuradas em suas próprias neuroses. 

Pensam que no futuro perderão tudo por isso querem que tudo seja revertido a seu favor no presente para acumular suas “riquezas”. Não conseguem ao menos compartilhar a simplicidade e verdadeira riqueza de desfrutar bons momentos com a família. Armazenar é um hábito para eles e supostamente são ricos, mas na verdade são pobres.

A avareza é uma das doenças da alma da humanidade. Ricos são pobres em sua essência e muitos não estão despertos para isso. Acreditam que suas atitudes diárias são justificadas. Escondem-se atrás das máscaras da sociedade como a igreja ou política. Proferem o discurso da ajuda e não tem noção da realidade que os cercam, na verdade a visão de si mesmo é oposta ao que a sociedade os enxerga. São cegos e doentes.

Para concluir, uma parábola: Um monge chega ao mosteiro e vê que dois grupos de discípulos disputam para cuidar de um gato. Sugere aos seus dois líderes que apresentem uma solução para a questão, o que não ocorre. Então o monge coloca o gato sobre a mesa e pega uma espada e o corta em dois pedaços iguais e entrega a cada um dos líderes dizendo: “Cuide cada um de sua parte agora”.

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