// Crônica publicada no jornal Folha de Tiête, interior de São Paulo em algum dia de 2008.
Outro dia
estive no Mercado Municipal de São Paulo e comi o famoso pão com mortadela no Hocca
Bar. Estava com um amigo e na fila para ser atendido, isso mesmo, quem foi lá
sabe que você precisa esperar em pé para alguém atender seu pedido e depois é
outra luta para encontrar um lugar para sentar-se, e conversamos sobre
restaurantes diferentes e o que há de especial em certos lugares que os fazem
diferentes e únicos.
Lembrei de momento de dois lugares exóticos que estive e de sucesso como o brasileiro. O primeiro foi o Andrés Carne de Res que está nas redondezas de Bogotá na Colômbia (res significa carne de boi em espanhol).
O lugar, um orgulho dos colombianos, virou ponto turístico no país como nosso Mercado Municipal e já recebeu visitas ilustres como a deusa Shakira e Gabriel Garcia Marques, Gabu como gostam de chamar os colombianos carinhosamente o autor do “best seller” Amor em Tempos de Cólera.
Andrés, o criador, um artista plástico hippie iniciou suas atividades na década de 70 com um bar que funcionava apenas nos fins de semana e o atendimento era feito por universitários que estudavam nas proximidades. O artista não parava de criar suas esculturas de barro, metal, pinturas e tudo o que se pode imaginar, em que pendurava em todos os lugares do bar.
O lugar foi crescendo e hoje recebe cerca de 2 mil pessoas numa só noite. Recebe famílias, há um espaço de arte para crianças com monitores artistas, e as pessoas dançam salsa e se entrelaçam nos corredores e labirintos de uma arquitetura indescritível.
Tive o privilégio de conhecer o próprio Andrés que por coincidência acomodou-se em uma mesa próxima. Um amigo colombiano me alertou que ele era meio reservado. Sem pensar fui conversar com ele e a recepção foi ótima.
Comentei que já tinha visitado muitos lugares diferentes e que não tinha visto nada parecido. Agradeci por sua hospitalidade e falei que seu restaurante traduzia a originalidade do povo colombiano.
Depois de encontrar um lugar pra sentar no Hocca e ter me surpreendido com o recheio do pão (quase ½ quilo de mortadela) lembrei de outro restaurante na Eslovênia. Gostilna fica no povoado de Skarucna, próximo à Liubliana, a capital. Neste lugar o cliente não decide o que vai comer nem beber.
O cliente tem o direito de comer e ficar calado...Na verdade o atendimento é uma grande brincadeira, até teatral, em que o garçom vai sugerindo pequenas porções de comidas diferentes e vinho da casa.
O espaço que cabe no máximo dez mesas, precisa de reserva antecipada e é sucesso absoluto entre os eslovenos e turistas que por lá passam. Estava com Gabriel, o Gabu da Eslovênia, um venezuelano que casou-se com a eslovena Helena e mora no país há mais de 5 anos.
Pessoa riquíssima e cheia de vida. Um grande amigo pra eternidade, decidimos isso. Como dois bons latinos fizemos amizade com o proprietário do restaurante e ficamos até fechar a porta.
A conclusão é que em qualquer lugar do mundo, seja na Eslovênia, Colômbia ou em nossa cidade, sempre haverá lugares originais. Normalmente são simples, sem luxo, e tem em comum uma energia inexplicável que nos envolve e extasia. Sempre saímos ébrios.
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